BIENAL DO MERCOSUL

CURADORIA DA 13ª BIENAL DO MERCOSUL

Por intermédio do Instituto Cultural Torus, a exposição Transe, pertencente à 13ª Bienal do Mercosul, em parceria com a PUCRS, contou com a curadoria adjunta de Laura Cattani e Munir Klamt. Os curadores, junto ao curador-geral Marcello Dantas e as também curadoras adjuntas Tarsila Riso e Carolina Lauriano, contribuíram com a realização do Edital da Chamada Aberta Transe e participaram da Comissão de Seleção dos artistas da chamada, analisando, aproximadamente, 800 trabalhos recebidos. Ambos realizaram a mentoria dos 18 projetos artísticos contemplados pela chamada, desenvolvidos pelos artistas selecionados e exibidos no Instituto Caldeira no ano de 2022.

Laura Cattani é artista, curadora, pesquisadora, produtora cultural e atua como agente no campo da arte contemporânea, sempre promovendo colaborações artísticas, parcerias com criadores e colaborações institucionais. Graduada em Artes Cênicas, com mestrado e doutorado em Poéticas Visuais pelo PPGAV/IA/UFRGS e pós-doutorado no PPGAV/UnB, Laura Cattani possui também especialização em Gestão de Projetos pela ESPM, com experiência na área de Gestão Cultural e foi contemplada com bolsa Capes em sua formação de mestrado e doutorado, bem como em temporada de pesquisa na França como parte do Programa de Doutorado Sanduíche na UPJV. Sua pesquisa de doutorado foi indicada ao Prêmio Capes de Tese. Foi membro do colegiado setorial de Artes Visuais. Lecionou no Centro de Artes da UFPel entre 2020 e 2023, onde coordenou ações de extensão da Galeria A Sala. Em sua trajetória, realizou exposições e projetos multimídia em diversas cidades do Brasil, bem como Uruguai, Argentina, Alemanha e França. Atuou como curadora adjunta da 13a Bienal do Mercosul, sob curadoria geral de Marcello Dantas. Atua como agente cultural para promover a difusão e valorização da Arte Contemporânea como instrumento para reflexão, questionamento e transformação, e vem desenvolvendo projetos inovadores com projeção nacional, sempre buscando a articulação com diversos grupos multiculturais e transdisciplinares, tais como Sete Lados de uma Paisagem, Arquipélago_2020, O Tempo como Verbo, Antinomia, Narrativa de Campo Escuro.

Munir Klamt é artista, curador, professor e pesquisador em Arte Contemporânea. Com mestrado e doutorado em Poéticas Visuais na UFRGS, sua tese, Metamedidas, recebeu Menção Honrosa no Prêmio Capes de Tese 2017. Realizou Pós-Doutorado na Universidade de Brasília. Compõe o comitê curatorial do MARGS. Lecionou na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), onde coordenou projetos de pesquisa e extensão e foi representante do Instituto de Letras e Artes no Comitê de Ciência, Tecnologia e Inovação – CCTI, órgão assessor da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – PROPESP. Atualmente leciona na UFRGS na área de Arte e Tecnologia, onde coordena a Galeria da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo. Atua como artista com o pseudônimo Ío desde 2003, em parceria com Laura Cattani. Idealizador do Instituto Cultural Torus. Foi curador adjunto na 13ª. Bienal do Mercosul. Sua pesquisa está centrada nas diversas manifestações do Tempo na Arte Contemporânea. Coordena o projeto de pesquisa “Obscuridade Íntima do Tempo” de Munir Klamt (IA/UFRGS). Sua produção plástica e visual abarca diversos meios, contextos e plataformas, tais como vídeos, instalações, desenho, web art, performance ou fotografia. Já realizou diversas exposições no Brasil bem como no exterior, além de mostras de vídeo e projetos multimídia.

GALERIA VIRTUAL

Vitor Mizael.
Diorama, 2022.
Pierre Fonseca.
Brincando com fogo, 2022.
Esfincter.
Órgano primo: condensador de cuerpos, 2022.
Franco Callegari.
Manifestación, 2022.
Bruno Borne.
Gravitas, 2022.
Leandra Espírito Santo.
Re-member, 2022.
Gabriela Mureb.
Sem título (trabalho), 2022.
Instituto Caldeira. Fotografia de obras por Anderson Astor e Marcelo Curia.

TRANSE

Transe é um oxímoro: contém, involucrada em si, a aflição que imobiliza, mas também uma secreta solução, a promessa de ação que surge de outra tessitura da consciência. Dizemos secreta porque sua linguagem não é a das palavras, e sim a dos vislumbres, de um visceral e profundo entendimento. É do transe a antitética capacidade que certos venenos têm de ser a cura. A mostra é um dos ramos da 13ª Bienal do Mercosul, a primeira ocorrência em sua história na qual foi aberto um canal amplo, irrestrito e acolhedor através de uma chamada aberta. A intenção, o desejo latente deste edital, era que ele fosse um instrumento por meio do qual pudéssemos filtrar certo Zeitgeist que a inteligência coletiva, formada pela soma de artistas e seus projetos, prenunciava; gestar um oráculo ao qual coubesse a árdua tarefa de não apenas compreender nosso tempo, mas de antecipar os difusos futuros possíveis.

Dos vetores dessa Bienal, é o sonho aquele que projeta a mais longa sombra sobre Transe. Não apenas porque as obras parecem ter sido tecidas majoritariamente desta matéria (com seu ímpeto premonitório e de desejo imanente), mas porque a estranheza de seu pendor instalativo e escultórico é infiltrada por uma expressiva e enigmática teatralidade (quase como o cenário de um sonho à espera do sonhador). Nos parece que Transe é hábil em evocar uma reverberação mais profunda – paradoxalmente grave e levíssima ao mesmo tempo –, quase um chamado que transborda do humano e se derrama em um corpo ampliado, conexo e fantasma, de máquinas, fungos, criaturas abissais, órgãos, inteligências artificiais e insetos, que se põe a sonhar coletivamente o real. 

Laura Cattani e Munir Klamt